Cuidar do cuidador
O cuidador é a pessoa que assume por tempo indeterminado as necessidades de alguém que não é autónomo. A causa pode ser devido a idade, problemas de saúde, ou deficiências. É mais frequente que o cuidador seja uma mulher, mas há cada vez mais homens.
Esta responsabilidade com frequência implica perder pouco a pouco a independência e um esgotamento físico e psíquico progressivo, que deve ser evitado.
Os sintomas de esgotamento podem-se manifestar de várias formas:
- Problemas de sono, fadiga e tremor. Necessidade de tomar comprimidos para dormir ou consumo excessivo de bebidas ou café.
- Problemas físicos (dor de cabeça, costas, abdominais, etc.).
- Alterações da memória.
- Alterações do apetite.
- Tristeza, mudanças frequentes de humor, irritação fácil. Perda de interesse por outras pessoas e atividades.
- Sentimento de solidão.
- Pode chegar a sentir frieza pela pessoa que cuida e depois ter remorsos por não cuidar dela corretamente.
O que deve fazer?
- Não pretenda suportar a carga toda sozinho. Peça ajuda a familiares, amigos e vizinhos. Organize-se com a família para distribuir responsabilidades pessoais, materiais e económicas. Aprenda a deixar espaço e ser rendido para que outros colaborem. Apoiar-se nos outros não significa debilidade.
- Cuide também de si. Pelo bem da pessoa que cuida e pelo seu. Recorde que o bem-estar do doente depende diretamente do seu.
- Por vezes pode sentir-se triste, irritado, confuso, vazio, inclusive culpado. Em algumas ocasiões vai sentir que nem o doente nem a família reconhecem o seu esforço. São sentimentos normais. Partilhe-os com pessoas de confiança.
- Aprenda a ser tolerante consigo mesmo, a «recarregar as pilhas». Desfrute diariamente de algum momento de ócio ou descanso. Também necessita de companhia, afeto e apoio dos seus amigos e familiares.
- O riso, amor e alegria são fundamentais para o seu bem-estar e para sua vida com o doente. Se se sentir bem não se envergonhe deste facto.
- Solicite ajuda através do assistente social do centro de saúde ou dos serviços sociais da comunidade. Eles informam-no das possibilidades de ajudas externas, dos recursos disponíveis na sua zona, e da possibilidade de inscrever o doente num centro de dia ou de fim-de-semana ou em centros temporários para descanso e alívio familiar.
- Há associações e grupos de ajuda para cuidadores. Solicite informação. Pode partilhar as suas dúvidas e preocupações, receber informação e recursos pessoais e materiais. Não se isole.
Quando consultar o seu médico de família?
- Se tiver dúvidas sobre a doença, a sua evolução e os cuidados de que precisa o seu familiar. Faça uma lista das perguntas que quer fazer para não se esquecer.
- Se tiver algum problema de saúde devido ao seu trabalho como cuidador: dor de costas, problemas articulares, ansiedade, etc.
- Se se sentir sobrecarregado ou não se achar em condições para cuidar do doente.
Excerto do Guia Prático de Saúde - da semFYC (Sociedad Española de Medicina de Familia y Comunitaria)
Traduzido e adaptado pela APMGF (Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar), julho 2013.