Cuidados ao paciente terminal
Um paciente encontra-se em fase terminal quando tem uma doença avançada que não responde aos tratamentos.
São momentos que requerem uma atenção especial. Devemos esforçar-nos todos (familiares e profissionais de saúde) para que o doente viva cada dia da forma mais normal e digna possível.
O que deve fazer?
- Lave-o e dê-lhe banho diariamente. Se lhe faltarem as forças ou não puder levantar-se para ir à casa de banho, use uma esponja ou toalha com sabão, seque com cuidado sua pele e aplique um creme hidratante. Durante a higiene assegure um ambiente de privacidade.
- Lave-lhe a boca após cada refeição com uma escova suave. Se tiver a boca ressequida, prepare-lhe bochechos com chá de camomila tépido.
- Respeite que coma o que lhe apeteça num ambiente tranquilo e sem angústias. É frequente e normal que não tenha vontade de comer. Não o pressione para comer mais. O horário das refeições deve-se adaptar aos gostos do doente, ainda que se recomende refeições em família ou com amigos. É preferível fazer 6 a 7 refeições por dia, em pequenas quantidades. A dieta deve ser variada e simples, rica em proteínas e fácil de preparar.
- Acompanhe-o à casa de banho com regularidade. O consumo de água, frutas e fibra pode ajudá-lo a evitar a prisão de ventre. Esteja atento ao momento de utilizar urinóis, arrastadeiras ou coletores.
- Procure, sempre que possível, que saia para passear uma vez por dia, descansando todas as vezes que for necessário. Se houver insegurança, dê-lhe uma bengala ou muletas.
- Se permanece na cama muito tempo, é fundamental mudanças de posição cada 2 horas, ainda que esteja a dormir. Aproveite o momento para arranjar a cama (esticar os lençóis), trocar as fraldas, etc.
- Se for possível, levante-o para o cadeirão 2 vezes por dia.
- Para favorecer o sono pode beber um copo de leite morno ou infusões de tília ou valeriana. O ambiente do quarto deve ser agradável, sem ruídos e com luz ténue.
- Siga as instruções precisas dos medicamentos. Os horários devem ser rigidamente respeitados, especialmente com o tratamento para não ter dor. Não deve esperar que apareça a dor.
- Acompanhe o doente na cama. É impossível mostrar-se forte em todos os momentos, mas umas palavras reconfortantes, pegar nas suas mãos ou abraçá-lo transmite-lhe segurança e afeto.
- Permita-lhe exprimir o que sente. Cada pessoa enfrenta o final da sua vida a seu modo. Se fala de heranças ou da sua doença ou de seu funeral, escute e tome em consideração o que diz. Se não sabe o que responder pense que por vezes um sorriso, um gesto ou um carinho expressam mais que mil palavras. Qualquer familiar (crianças também) ou amigos o podem visitar, se o doente assim desejar.
Quando consultar o seu médico de família?
- Sempre que seja considerado oportuno por si ou pelo doente.
- A dor e outros sintomas não têm horário. Caso tenha qualquer dúvida, temor ou preocupação pode recorrer ao seu centro de saúde ou ao serviço de urgências. Faremos tudo que for possível para ajudá-lo.
Excerto do Guia Prático de Saúde - da semFYC (Sociedad Española de Medicina de Familia y Comunitaria)
Traduzido e adaptado pela APMGF (Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar), julho 2013.